A retinopatia diabética é uma alteração dos vasos sanguíneos da retina e representa a principal alteração ocular em pacientes diabéticos, sendo uma das principais complicações do diabético. Estima-se que mais de 2,5 milhões de pessoas no mundo estão afetadas pela retinopatia diabética. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), os pacientes diabéticos apresentam 25 vezes maior chance de perda visual quando comparados aos pacientes que não são diabéticos.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado através da avaliação do fundo de olho. A pupila do paciente é dilatada através da instilação de colírios e o médico consegue ver a retina e seus vasos através de uma lente especial. Além da observação do fundo de olho, pode ser necessário a realização de exames complementares, como a retinografia fluorescente, na qual, através da injeção intravenosa de contraste conseguimos observar os vasos retinianos e a tomografia de coerência óptica (OCT) em que conseguimos avaliar mais detalhadamente as camadas da retina.
Fundo de olho
O exame de fundo de olho faz parte do exame oftalmológico de rotina e deve ser realizado em todos os pacientes pelo menos uma vez ao ano. Nos pacientes diabéticos, o exame anual deve ser obrigatório mesmo que o paciente não apresente baixa visual. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, os pacientes com diabetes tipo I devem começar a realizar o exame de fundo de olho 5 anos após o diagnóstico e os diabéticos tipo II no momento do diagnóstico. Os pacientes que já apresentam sinais retinopatia diabética deve ser reavaliada com maior frequência.
Sintomas
O principal sintoma é a baixa visual, mas é importante lembrar que nas fases iniciais o paciente pode não ter sintomas e já apresentar sinais de retinopatia diabética, ou seja, já são observadas alterações dos vasos sanguíneos retiniano, tais como hemorragias e/ou edema sem causar baixa visual. A retinopatia diabética normalmente não provoca dor ou olho vermelho. Desta forma, a única forma de saber se a doença já se instalou é avaliando o fundo do olho.
Fatores de risco
Todos os pacientes diabéticos, tipo I e II, apresentam risco para desenvolver a doença. O tempo de doença e os níveis glicêmicos são os principais fatores de risco. Os pacientes com 10 anos de doença ou mais apresentam maior chance de desenvolver retinopatia diabética. O CBO estima que mais de 75% das pessoas que têm diabetes mellitus há mais de 20 anos sejam portadoras de retinopatia diabética. Os pacientes devem ser orientados a terem um acompanhamento clínico com um endocrinologista e manterem um bom controle da glicemia, da pressão arterial e do colesterol. Apresentar a glicemia controlada é um importante fator para retardar o aparecimento da retinopatia e minimizar as complicações. Mesmo com a glicemia controlada o paciente pode apresentar retinopatia diabética, assim, independente do bom controle o paciente deve ser examinado.
Tratamento
Nos casos leves o paciente é apenas acompanhado com exames complementares frequentes e orientado o rigoroso controle da dieta e da glicemia. Nos casos moderados e graves pode ser orientado o tratamento com laser (fotocoagulação), injeção intraocular de antiangiogênico ou a realização de cirurgia. Em alguns casos estes tratamentos podem ser combinados. O oftalmologista é o responsável pela indicação e realização destes procedimentos.
Laser
O tratamento com laser para retinopatia diabética é chamado de fotocoagulação retiniana. É um procedimento realizado no consultório após a dilatação da pupila. Dependendo da gravidade do caso podem ser necessárias várias sessões. O laser tem como principal objetivo evitar a progressão da doença e o ideal é que seja realizado nas fases iniciais da doença.
Antiangiogênicos
No paciente com retinopatia diabética avançada é comum a formação de finos vasos anormais na retina. Esses vasos apresentam maior chance de sangramento que os vasos normais. Essas drogas tem a função de inibir o crescimento desses vasos e/ou evitar o aparecimento deles. Além disso podem atuar no tratamento do edema macular diabético. Nos pacientes com indicação cirúrgica é comum a injeção da medicação 3 a 5 dias antes da cirurgia com o objetivo de diminuir a chance de sangramento no intraoperatório. A droga é injetada dentro do olho após instilação de colírio anestésico e pode ser necessário mais de uma aplicação. O procedimento é indolor e seguro.
Cirurgia
A cirurgia é realizada nos casos avançados da doença e para o tratamento de complicações como hemorragia intraocular e descolamento tracional da retina. O atual avanço nos equipamentos e instrumentos cirúrgicos promoveram melhores resultados e diminuíram o risco de complicações.
Dr. Felipe do Carmo Carvalho
Residência médica pela UNICAMP
Mestre em Oftalmologia pela UNICAMP
Membro da Sociedade Brasileira de retina e vítreo
Membro da Academia Americana de Oftalmologia
Oftalmologista do Hospital Geral de Fortaleza